BRASIL ASSINA ACORDOS DE COOPERAÇÃO E DÁ
PROSSEGUIMENTO À COMPRA DOS CAÇAS SUECOS
Estocolmo, 03/04/2014 – O Brasil deu hoje um importante passo para a concretização do processo de compra dos 36 caças Gripen NG para sua Força Aérea. O país assinou dois acordos considerados indispensáveis para o prosseguimento das negociações com a Suécia, nação que produz os aviões.
Necessários para garantir o amparo jurídico inicial da aquisição, os acordos também estabelecem parâmetros para as tratativas em curso sobre os contratos que serão firmados entre as partes, empresarial e governamental, envolvidas no negócio.
O primeiro, denominado acordo-quadro de cooperação em defesa, também permitirá que, além da parceria relativa aos caças, os dois países possam iniciar conversas acerca de outros projetos de interesse comum na área militar. O segundo trata da proteção de informações sigilosas entre as duas nações e cobre não somente o processo de aquisição dos caças, mas todas as iniciativas que vierem a ser desenvolvidas entre os países signatários.
Os dois acordos foram assinados na manhã de hoje pelos ministros da Defesa, Celso Amorim, e do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República (GSI), José Elito Siqueira, em cerimônia no castelo de Karlberg, sede da Academia Militar Sueca, na capital do país.
A assinatura dos documentos foi precedida por uma reunião bilateral entre Amorim e sua contraparte sueca, a ministra Karim Enström. “Estamos dando um grande e importante passo em nossas relações”, disse o ministro brasileiro durante o encontro. “Temos agora a tarefa de transformar a proposta em contrato”, acrescentou.
Durante cerca de uma hora, Celso Amorim e Enström conversaram sobre o aprofundamento da parceria estratégica entre Brasil e Suécia no campo da defesa, e sobre a extensão dos projetos de interesse comum na área, incluindo a possibilidade de desenvolvimento industrial conjunto de armamentos, equipamentos aeronáuticos e soluções para fortalecimento da defesa cibernética.
Amorim reiterou à ministra sueca as condicionantes fixadas pelo Brasil para aquisição dos caças, sendo a principal delas a necessidade de irrestrita transferência tecnológica, com acesso a códigos-fonte da aeronave. Esse acesso permitirá, entre outros aspectos, que o país possa integrar, de forma independente, novos sistemas, equipamentos e funcionalidades ao avião.
Outro aspecto mencionado no encontro foi o direito de comercialização, pelo Brasil, dos Gripen NG que serão produzidos no país. Amorim ressaltou o entendimento de que esses direitos deverão abranger os países da América Latina, além das nações em desenvolvimento com as quais o Brasil possui estreita relação bilateral.
No atual estágio das negociações, prevalece a compreensão de que está mantido o compromisso inicial da oferta sueca de que a indústria brasileira deverá assumir, ao longo dos próximos anos, cerca de 80% do projeto e da produção das aeronaves destinadas ao mercado mundial.
Durante a reunião, o comandante da Força Aérea Brasileira (FAB), brigadeiro Juniti Saito, que também integrou a comitiva brasileira, observou à ministra Karim Enström que o parque industrial brasileiro está capacitado para absorver a tecnologia a ser repassada pela Suécia no projeto. “Posso garantir que estamos preparados e que vamos honrar todos os compromissos sobre confidencialidade de informações”, afirmou Saito.
Em comunicado conjunto divulgado após o encontro (Leia aqui a íntegra do documento na versão original em inglês), os ministros informaram a decisão de estabelecer parceria estratégica no setor de aeronáutica militar. Dentre outros temas, essa parceria deverá definir os termos da cooperação entre as forças aéreas dos dois países, incluindo o detalhamento do empréstimo que a Suécia fará ao Brasil de dez Gripens modelo C/D. Esses aviões deverão ser utilizados pela FAB, a partir de 2016, até a chegada dos primeiros caças NG, em 2018. (Veja aqui release sobre o assunto).
Enströn e Amorim também anunciaram que irão aprofundar o diálogo político em assuntos de defesa, assim como em outros temas de interesse mútuo. Para facilitar as tratativas relativas ao setor, será criada uma adidância militar brasileira em Estolcomo (a Suécia já possui adido militar em Brasília). Os ministros também discutiram a possibilidade de realização, no início de agosto desse ano, no Brasil, da primeira reunião do grupo de trabalho conjunto em cooperação militar.
Os acordos assinados hoje serão encaminhados para aprovação do Congresso Nacional brasileiro. As duas nações já possuem outros convênios específicos na área de defesa, firmados em 1997 e em 2000. Amorim afirmou que o governo se empenhará na aprovação dos pactos firmados hoje, mas observou, com a concordância da ministra sueca, que os acordos anteriores já oferecem uma base sólida para prosseguimento da parceria estratégica no setor aeronáutico.
Durante os dois dias em que esteve em Estolcomo, além da reunião com Karim Enström, Amorim foi recebido pela rainha Sílvia da Suécia e pelo ministro das relações exteriores do país, Carl Bildt. Ele convidou a ministra da Defesa a visitar novamente o Brasil no segundo semestre deste ano para dar continuidade aos trâmites sobre os caças, e outros assuntos relativos à cooperação em defesa.
Na parte da tarde, Celso Amorim proferiu uma palestra sobre a política brasileira de defesa a estudantes e convidados, no auditório do Colégio de Defesa Nacional e Instituto Sueco de Relações Internacionais.
A decisão sobre a escolha dos caças Gripen NG, fabricados pelo empresa sueca Saab para equipar a FAB, foi tomada em dezembro do ano passado pela presidenta Dilma Rousseff. O processo de aquisição das aeronaves tem acompanhamento de um grupo interministerial criado no âmbito do Ministério da Defesa. Denominado F-X2, o programa prevê o desenvolvimento e incorporação à Aeronáutica de 36 aviões.
Foto: Jorge Cardoso
Assessoria de Comunicação Social (Ascom)
Ministério da Defesa
61 3312-4070
A Saab tem o prazer de oferecer o Gripen NG ao Brasil. O Gripen NG é realmente um caça multiemprego, com alcance operacional, capacidade de carga e recurso de Guerra Centrada em Rede (NCW) atendendo a todos os empregos definidos. A capacidade NCW do Brasil será significativamente aprimorada, operando-se o Gripen NG em combinação com o sistema E-99 ERIEYE da Embraer.
Características
Caça Centrado em Rede
O Gripen NG é realmente um caça Centrado em Rede. Incorpora os sistemas de links de dados multifrequenciais mais desenvolvidos e seguros do mundo, conferindo ao piloto uma completa noção da situação ao seu redor, em todos os modos de operação.
Superior Fusão de Dados
Tem um sistema de missão com aviônicos perfeitamente integrados, resultando em uma fusão total dos dados de seus sensores e, em decorrência, em uma capacidade de combate excepcional, garantindo o lançamento extremamente preciso de armas inteligentes.
Carlinga Digital Inteligente
Apresenta um avançado layout 100% digital, com grandes e coloridos displays MFD (Multi-Functional Displays), controles HOTAS (Hands-On-Throttle-And-Stick) e capacete com visor acoplado HMD (Helmet Mounted Display).
Alcance e Raio de Ação
Graças a seus maiores tanques de combustível, o Gripen NG, na configuração de Patrulha Aérea de Combate, alcança um raio de combate de 700 nm (milhas náuticas), ou seja, 1.300 km, a partir da base de operações, com mais de 30 minutos “na estação”. Tem um alcance de traslado de 2.200 nm (4.000 km).
Enxergue Primeiro – Acerte Primeiro
Uma garantia da alta probabilidade de vitória em qualquer engajamento é a combinação de baixas assinaturas no espectro visual, radar e infravermelho, com uma carlinga digital inteligente, o mais avançado radar AESA, o sensor de busca e rastreamento no infravermelho IRST (Infra Red Search & Track) e uma superior fusão de sensores, incluindo a melhor integração de armas de última geração e o conjunto de guerra eletrônico.
Agilidade Excepcional
O Gripen NG é o caça mais ágil do mundo em combate de perto. Combina um avançado layout aerodinâmico e uma configuração canard-delta com um sistema triplex de controle de voo fly-by-wire digital.
Alta Disponibilidade Operacional
Exigências mínimas de suporte logístico conferem um alto nível de disponibilidade operacional.
Confiabilidade
120 mil horas de voo acumuladas, em total segurança, nas Forças Aéreas da Suécia, República Tcheca, Hungria e África do Sul, assim como na Escola de Pilotos de Teste do Reino Unido (ETPS).
Custo de Ciclo de Vida
O Gripen NG apresenta os menores custos operacionais e de logística entre todos os caças atualmente em serviço.
Desenvolvimento Futuro
O Gripen foi desenvolvido para se adaptar à evolução das ameaças e exigências operacionais, enfrentadas pelas modernas Forças Aéreas.
Biposto
A versão biposto retém toda a capacidade operacional da versão monoposto. O Programa do Gripen NG conta com o apoio total do governo sueco.
Sistema de propulsão
Incorporando a mais avançada tecnologia, o motor General Electric F414G do Gripen NG é um turbojato modular, com pós-combustão, apresentando uma baixa razão de diluição e eficiência no consumo de combustível. Com uma taxa de empuxo superior a 22 mil lb (98 kN), o F414G gera 20% mais empuxo que o atual Volvo Aero RM12 do Gripen, viabilizando velocidade de super-cruise equivalente a Mach 1.1, com armas ar-ar.
Radar
Integrando o único radar AESA de 2a geração do mundo, o ES 05 Raven, o Gripen NG garante sua vantagem em termos de noção situacional. O radar ES 05 Raven, desenvolvido pela Selex-Galileo com a Saab e a indústria brasileira, é o único radar de combate do mercado munido de uma placa oscilante (swash plate) móvel, permitindo cobrir ângulos de até ±100°. O novo radar traz melhorias em todos os aspectos quando comparado com os radares existentes, a exemplo de:
CARACTERÍSTICAS
O
GRIPPEN PARA O BRASIL
Gripen oferece ao Brasil uma solução completa. O Gripen NG é a aeronave de combate multiemprego mais avançada tecnologicamente do mundo, incorporando tecnologias e capacidade de guerra centrada em rede (NCW), especialmente desenvolvidas para o Brasil.
Por que o Brasil escolheu o Gripen?
Capacidade operacional
Como caça multiemprego de última geração, o Gripen NG incorpora o alcance operacional, a capacidade de carga útil e o recurso de guerra centrada em rede (NCW) para desempenhar todas as missões designadas pela Força Aérea Brasileira, tanto em operações militares nacionais como regionais. O recurso NCW do Brasil será significativamente aprimorado, operando-se o Gripen NG em combinação com o sistema Embraer E-99 ERIEYE.
Foto: Katsuhiko Tokunaga
Avançado Sistema de Armamentos
O Gripen NG integra um conjunto completo de sensores, com total flexibilidade de integração de armas, podendo ser equipado com armas adquiridas de outros fornecedores no mundo. A capacidade de sobrevivência é garantida pelo equilíbrio existente entre as baixas assinaturas no espectro visível, infravermelho e radar, assim como por um avançadíssimo sistema modular de Guerra Eletrônica e de Autoproteção.
Solução de suporte
O conceito de logística é desenvolvido para atender às exigências da Força Aérea Brasileira e maximiza a utilização da infraestrutura que o Brasil já tem. O programa de treinamento usa a infraestrutura existente, em combinação com acessórios de treinamento e o sistema Gripen, a fim de maximizar os benefícios de treinamento.
Melhoria Contínua
O Gripen NG é uma versão consideravelmente aprimorada do já comprovado caça multiemprego Gripen C/D, atualmente em serviço. Concebido para combater no ambiente de Guerra Centrada em Rede (NCW) do Século XXI, o projeto flexível e modular do Gripen faz com que o aprimoramento e o desenvolvimento contínuo apresentem tanto baixo risco como custo-benefício. O programa do Gripen NG cobre o desenvolvimento de todos os principais sensores e aviônicos, inclusive a comunicação de dados, os sistemas de autoproteção, a integração de armas, bem como os aprimoramentos da estrutura do avião e da propulsão.
Crescimento Contínuo
O Gripen NG é uma plataforma de “baixo risco”, acompanhada de um programa já custeado de desenvolvimento contínuo e melhorias garantidas. O Gripen NG tem uma grande capacidade de crescimento, o que é uma garantia de que atenderá a todas as demandas futuras.
Se selecionado, o mais avançado caça multiemprego do mundo seria feito no Brasil. Uma grande parte de todo o trabalho de desenvolvimento do Gripen ficaria a cargo da indústria brasileira. A tecnologia do Gripen produzida no Brasil não seria produzida em nenhum outro lugar do mundo, o que significa que os sistemas do Gripen feitos no País seriam incorporados em todos os novos caças Gripen fabricados.
Parceria
A COMAER e a indústria brasileira se tornariam parceiras da Força Aérea Sueca e da Saab, nas atividades de projeto, desenvolvimento e integração de futuros programas tecnológicos do Gripen NG.
O envolvimento precoce do Brasil no projeto e desenvolvimento do Gripen NG daria à indústria e à Força Aérea Brasileira acesso sem precedentes a todos os níveis de tecnologia, tanto hoje como no futuro.
Contrapartida econômica (offset)
A proposta oferece uma compensação econômica e financeira equivalente ao valor do contrato. O programa de compensação ou contrapartida transferirá know-how e tecnologias avançadas e exclusivas às correspondentes partes institucionais e industriais do Brasil, com o objetivo de desenvolver capacitação no País.
Produção e Manutenção
O compromisso assumido com o setor aeroespacial brasileiro inclui a opção de fabricar peças e conjuntos do Gripen NG, bem como a montagem final da aeronave no Brasil.
O conceito de manutenção foi desenvolvido de modo a atender às exigências e à capacidade da indústria brasileira e da FAB, por meio de:
Transferência de Tecnologia
O programa de Transferência de Tecnologia (ToT) garante 100% de envolvimento em desenvolvimentos futuros e maximiza a autonomia industrial do País, através da transferência de competências altamente avançadas e diferenciadas.
O programa ToT incluirá:
A Saab garante acesso sem precedentes a todos os níveis de tecnologia, inclusive pleno acesso aos códigos-fontes do Gripen NG.
Na quarta-feira (18), o governo anunciou o avião de caça vencedor da concorrência internacional para selecionar uma nova aeronave de combate para nossa Força Aérea. Para a surpresa de alguns, o vencedor foi o sueco Saab JAS 39 Gripen, ou somente Gripen.
Como a notícia está dando o que falar pela Internet, o Canaltech resolveu destrinchar a tecnologia dessa aeronave, que é a espinha dorsal da Força Aérea da Suécia e, apesar do seu pequeno tamanho e simplicidade, é uma arma altamente tecnológica, versátil e letal.
Primeiro falaremos um pouco da história da aeronave, bem como o motivo dela ter sido desenvolvida.
A Suécia, no contexto da guerra fria, sempre temeu uma invasão pela União Soviética, e por isso sempre desenvolveu domesticamente suas armas (aviões, tanques, submarinos e navios). Antes do Gripen, ela possuía duas aeronaves principais, o Saab 35 Drakken e o Saab 37 Viggen (aviões com aparência bem estranha, diga-se de passagem), que já estavam ficando velhos.
Drakken
Viggen
Então o governo sueco começou a procurar um substituto para os dois modelos, e que pudesse ser um caça “multifuncional”, o que significa que ele deveria ser capaz de realizar diversos tipos de missão em um único voo: ataque ao solo, ataque ar-ar (outros aviões), ataque marítimo e reconhecimento.
Além de ser de emprego múltiplo, o novo caça deveria ser pequeno e capaz de operar em condições adversas. Bases de caças normalmente são enormes, com pistas extensas e uma grande infra-estrutura de apoio. Mas, no caso de uma vizinha gigante como a União Soviética, nenhuma base sobreviveria à fúria vermelha, então o avião deveria ser capaz de se virar a partir de rodovias, pistas improvisadas e com estrutura ínfima de apoio.
Desse requerimento surgiu o Saab 39 Gripen, que tem apenas 14 metros de comprimento e que pode operar de pistas pequenas (trechos de rodovia) de apenas 800 metros, mesmo que cobertas de neve, e precisa de apenas 10 minutos e 6 pessoas para fazerem o reabastecimento, rearmar o avião e deixá-lo pronto para mais uma missão.
O avião foi desenvolvido pela Saab, mas teve participação de muitas outras empresas suecas, como a Eriksson, Volvo e Scania.
O modelo original é “antigo”, tendo seu primeiro voo em 1988 e sendo introduzido na Força Aérea da Suécia em 1997. Mas esse não é o modelo que o Brasil comprou. O nosso chama-se Gripen NG, de New Generation, que é uma evolução do Gripen original, e que traz diversas melhorias, tanto estruturais quanto tecnológicas.
O Gripen possui o que há de mais avançado no mundo da tecnologia militar (que por natureza é gerações mais avançada que a tecnologia para uso civil).
Fly-By-Wire
Um avião é controlado com a ajuda de partes móveis nas asas e no profundor (aquelas asas pequenas que ficam na parte de trás do avião), além do leme (a “cauda” onde fica o logo das companhias aéreas). Quando você viajar de avião e sentar perto da janela, tente observar uns pequenos pedaços se mexendo na parte mais externa da asa. Isso que faz o avião inclinar-se para os lados.
O tradicional é essas partes serem controladas mecanicamente, através de cabos e sistemas hidráulicos. Mas em sistemas Fly-By-Wire, tudo é controlado pelo computador. Quando o piloto dá o comando para a aeronave virar, essa informação passa para um computador, que analisa se o avião conseguirá fazer esse movimento com segurança, sem danificar sua estrutura, pra então passar o comando para as superfícies de controle.
Outra vantagem é que o fly-by-wire elimina a estrutura física, reduzindo o peso e diminuindo as chances de falhas.
HUD, HMDS, telas multifuncionais e HOTAS
A cabine do Gripen foi desenvolvida para proporcionar ao piloto uma consciência situacional, que quer dizer que ele deve saber de tudo o que está acontecendo de uma maneira simples e rápida.
A aeronave contém diversos sensores e radar, e todas as informações são coletadas e agrupadas em três telas enormes de LCD (as telas multifuncionais), que mostram dados sobre:
Telas multifuncionais
Além das telas, possui um HUD – Heads Up Display, que é um sistema que mostra um resumo das informações de voo na parte de cima do cockpit, para que o piloto se concentre em voar a aeronave nas partes mais críticas do voo, sem precisar olhar para baixo para ver os instrumentos.
HUD
Além do HUD, possui um sistema chamado HMDS – Helmet Mounted Display System, que é um mostrador de informações no próprio capacete (Google Glass?). Além dos dados do HUD, ele aponta os alvos no terreno, pode exibir vídeos das câmeras infra-vermelhas, informações do radar, entre outras. Com isso o piloto tem acesso a todos os dados de voo e da missão mesmo quando está olhando para fora da cabine (procurando um inimigo ou alvo por exemplo).
Outro recurso importante do avião é o HOTAS – Hands on Throtle and Stick, que é um conceito operacional de que o piloto não precisa tirar as mãos do manche (joystick) e nem do acelerador – em aviação chama-se “motor” (throtle), que é uma alavanca e não um pedal. Com isso, o piloto pode realizar quase todas as ações relacionadas a mexer nos computadores de bordo sem precisar tirar as mãos dos comandos.
Radares e sensores
O Gripen atual possui um radar chamado PS-05/A, de pulso doppler e que opera na banda X de frequências. O PS-05/A é capaz de detectar um alvo a 120 km de distância, e pode automaticamente rastrear múltiplos alvos tanto acima quanto abaixo do avião, no mar, na terra e no ar, e pode guiar diversos mísseis ar-ar (para atacar outros aviões) além do alcance visual do piloto simultaneamente.
Isso é o radar do Gripen atual, ou “velho” Gripen. O do novo, Gripen NG, que será o nosso, virá com um radar ainda mais potente, que utiliza a técnica de escaneamento eletrônico ativo, que aumentará significativamente o alcance de detecção do mesmo e o campo de “visão” do radar.
Computadores e comunicações
Agora vamos ao que interessa. Você talvez não saiba, mas o que faz um avião ser bom hoje em dia é principalmente sua tecnologia, com seus sistemas de computadores e a capacidade de integração entre diversos tipos de armamentos (mísseis, bombas) e o sistema operacional do avião (isso mesmo, sistema operacional).
O código-fonte do Gripen é aberto para os operadores, e isso é excelente pois o principal fator que faz um míssil x ser compatível com aeronave y é o software. Então se o país não possuir o código-fonte da aeronave, só poderá comprar mísseis que já sejam compatíveis com a plataforma.
É o que acontece, por exemplo, com os Estados Unidos e a tal da transferência de tecnologia (esse é um dos principais itens da transferência). Eles jamais ofereceriam para nós o código-fonte completo do F/A-18 Super Hornet, e caso quiséssemos comprar um míssil da Rússia (que são muito bons), não poderíamos, pois não seriamos capazes de integrar os sistemas do avião ao míssil. E mesmo o míssil que o Brasil fabrica, o Piranha, talvez não funcionasse no F-18. Mas tendo em mãos o código-fonte do Gripen, essa integração será rápida, e ficaremos livres para comprar armamentos de onde for melhor.
Ainda, o código dele é feito na linguagem de programação ADA, e é atualizado constantemente para trazer melhorias à aeronave e adaptá-la a novos tipos de missões. Com isso pode-se programar e mudar rapidamente as características do avião (como se fosse um aplicativo), de maneira que ele opere com maior performance na Amazônia (lugar com muita umidade), no Nordeste (ar quente e seco) ou no Sul (frio). Esses, claro, são exemplos básicos e superficiais das mudanças de configuração, é só para dar uma ideia do que se pode ser feito.
Além disso, ele é feito para trabalhar em rede, conectado. O Gripen está constantemente em comunicação com outras aeronaves, estações e unidades em terra e navios, enviando e recebendo dados dos sensores, radar e imagens através do sistema DataLink, e com isso todas as unidades das Forças Armadas ficam com uma consciência situacional elevadíssima (sabem o que está acontecendo e o que deve ser feito).
Claro que todos esses dados e as comunicações são criptografadas para evitar que sejam interceptadas pelo inimigo.
Além de ser um avião conectado, todos os seus componentes são monitorados por um computador, tornando a manutenção muito rápida e modular. Cada vez que a aeronave apresenta algum problema, o computador sabe exatamente qual a peça defeituosa, e o mecânico precisa apenas trocá-la, e não abrir o avião inteiro e procurar o problema. Isso reduz significativamente os custos de manutenção, e permite que os aviões fiquem disponíveis para voo por mais tempo.
3 – Armamentos
O Gripen é capaz de levar até 6.5 toneladas de armamentos, e inclui uma vasta gama de mísseis e bombas guiadas a laser, além de um canhão convencional.
Para combate aéreo (mísseis ar-ar), ele pode levar até 6 mísseis AIM-9 Sidewinder (americano), ou 4 MBDA MICA (francês) ou 6 IRIS-T (alemão), utilizados para atacar outras aeronaves – e claro, poderá ser programado para utilizar outros mísseis, como o K-77M russo. Para ataques ao solo, pode levar até 4 AGM-65 Maverick (americano) ou o KEPD 350 (sueco/alemão), que fazem um estrago. Para ataques marítimos, pode levar até 2 RBS-15F, que são mísseis anti-navio.
Além desses mísseis, ainda pode levar 4 bombas guiadas a laser modelo GBU-12 Paveway II (americana), ou duas bombas cluster Bk.90 ou ainda 8 bombas Mark 82 que são menores.
Com isso o Brasil tem um avião pequeno mas ágil, que é recheado com as últimas tecnologias e que poderemos absorver toda ela, além de termos acesso ao código-fonte do avião para melhorá-lo de acordo com as nossas necessidades, e por um custo operacional bem mais baixo que os concorrentes.
E o principal: poderá operar com facilidade de locais não preparados, para defender nossa Amazônia de interesses estrangeiros no caso de uma eventual guerra.
Além disso, boa parte dele (se não a totalidade) será montada aqui no Brasil pela Embraer, e a empresa absorverá muita tecnologia de ponta que poderá ser empregada tanto no desenvolvimento de novos aviões militares como de aviões comerciais.
SUÉCOS QUEREM AMPLIAR AS DIMENSÕES DO ACORDO DE VENDA DO GRIPPEN NG PARA O BRASIL